Paulo e a escravidão diante do caso Onésimo

Autores

  • Ivanildo Luís dos Santos Gomes Facudades Batista do Paraná

Resumo

Dentre os males que a igreja cristã enfrentou desde o seu nascedouro, a escravidão foi certamente um dos maiores. A epístola de Paulo a Filemom é um magnífico espelho que reflete a luz e a beleza do evangelho quando este é vivido realmente. Durante séculos a narrativa de Filemom foi lida como a história de um escravo que fugiu de seu mestre e agora deve ser reconciliado com ele, e continuar o bom relacionamento entre mestre e escravo. Pequena, simples e objetiva, a epístola não está construída em torno de assuntos fáceis, e seu arcabouço encerra discussões que têm acompanhado a igreja cristã por séculos. A liberdade cristã confronta a injustiça e a opressão, mas não pode atrair riscos e afrontas sobre a comunidade mais ampla. Há relações que precisam ser restauradas, testemunhos que precisam ser mantidos, e a proclamação do evangelho da graça que deve continuar livre no meio da comunidade. O senhorio de Cristo é o parâmetro para o perdão, para a tolerância, para a convivência em ambientes hostis e para a saúde espiritual e social da igreja. Em Filemom as estruturas escravagistas são enfrentadas com base numa ética altruísta, humanizada e mais elevada do que o sistema jurídico e ético vigente no governo e na sociedade organizada da época: o ethos do Reino de Deus segundo os ensinos de Paulo e os modelos de suas comunidades. Mais do que uma pequena carta, Filemom é um tratado de relações humanas, direitos humanos, cura, reconciliação e estabelecimento de novos paradigmas sociais e culturais, como a comunhão dos santos, as relações homem e mulher, judeu e gentio, servo e senhor, todos vivendo segundo os ditames da graça e do amor cristão.

Palavras-chave: Filemom. Escravidão. Liberdade Cristã. Reconciliação. Ética.

Paul and slavery in the case of Onesimus

Abstract

Among all evils that the Christian church has faced since its beginning, slavery has certainly been one of the greatest. Paul's epistle to Philemon is a magnificent mirror that reflects the light and beauty of the gospel when it is lived out with reality. For centuries, the narrative of Philemon has been read as the story of a runaway slave who fled from his master's household and now must be reconciled with him, and continue a good relationship between master and slave. Small, simple, and objective, the epistle is not built around easy subjects, and its framework deals with discussions that have accompanied the Christian church for centuries. Christian freedom confronts injustice and oppression, but it cannot attract risks and affronts to the larger community. Some relationships need to be restored, testimonies that need to be kept, and the proclamation of the gospel of grace that must remain free in the midst of the community. The lordship of Christ is the parameter for forgiveness, tolerance, coexistence in hostile environments, and the spiritual and social health of the church. In Philemon, slavery structures are faced based on an altruistic, humanized, and higher ethics than the judicial and ethical system prevailing in the government and the structured society of the time: the ethos of the Kingdom of God according to the teachings of Paul and the models of his communities. More than a short letter, Philemon is a treaty on human relations, human rights, healing, reconciliation and the establishment of new social and cultural paradigms, such as the fellowship among the saints, the relationship man and woman, Jew and Gentile, servant and master, all living according to the dictates of Christian grace and love.

Keywords: Filemom. Slavery. Christian Freedom. Reconciliation. Ethics.

 

 

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Publicado

24/03/2020

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Seção

Artigos